Saturday 7 April 2012



Levanto-me e meto água a ferver. Depois entorno-a para um bule amarelo e faço chá verde. Detenho-me por instantes a sorver o silêncio desta casa. E verto a infusão para uma chávena azul. Imagino um veado selvagem junto ao sofá, também azul. Sento-me. A cadeira é vermelha. Começo a sentir tudo muito intensamente. As cores da casa e o silêncio. Sinto-os como se tivesse a pele dos sentidos sensível. A linguagem é uma pele. Há quanto tempo não escrevo um poema, pergunta-me o veado. Avanço com os dedos pelo teclado brando do computador branco, numa fúria intencional que afugenta o veado. Situo o poema num tempo fora do meu, where it can sit still and wait in vain. Não escrevo poemas. Não tenho jeito. E regresso a mim.

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