Em 1951 numa conferência em Nova Iorque um escritor de ficção científica chamado Theodore Sturgeon disse que “90% of everything is crap”: the remaining 10% of that is what we call good, and 10 percent of that – one story in a hundred – is really good. Com isto, estava a tentar dizer que a ficção científica era o único género literário que era constantemente avaliado mais pelos maus exemplos do que pelos melhores. É o que ficou conhecido como a Lei de Sturgeon. Algo de muito parecido acontece com o feminismo, que precisa de ser avaliado pelos seus melhores exemplos, e não pelos piores.
O que me interessava fazer na conferência em Évora, onde estive nos últimos dias, não era tanto aplicar a lei de Sturgeon aos colectivos das Pussy Riot e Femen, coisa que poderia muito bem fazer, até porque há muito de "crappy" no que certas mulheres desses colectivos dizem (principalmente as Femen), mas antes pensar as consequências e as possibilidades abertas pela visibilidade excessiva do corpo feminino em luta
na rua. Queria também debruçar-me sobre a questão do poder dos protestos na rua. Em Junho de 2012, eu não estava em Portugal, mas vi nascer, através da internet, o movimento social, “Que se Lixe a Troika! Queremos as nossas vidas!”, responsável pela organização de manifestações ou aparições gigantes, como a de 15 de Setembro de 2012, que levou um milhão de pessoas à rua em várias cidades portuguesas num protesto nacional contra as medidas de austeridade impostas pelo governo. Ainda assim, como nota uma reportagem no jornal Público, “eram muitos os que, fora do protesto (de Outubro 2013), o via simplesmente passar: Manifestar-me para quê? O que é que muda?”
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