Friday 3 September 2010

por virtude do muito imaginar Marianas por nomear

Deu-me, no outro dia, para escrever uma carta. Podia ter escrito um email, mas apeteceu-me escrever uma carta, se bem que não foi só para me comprazer na minha condição de sobrinha-mariana-em-décimo-sétimo-grau. Não só mas também. Depois de gastar umas boas páginas por causa de erros importunos, e de me ter confrontado com uma caligrafia largamente desconhecida no que diz respeito aos "E" grandes e aos "t" pequenos, lá me resignei a lamber o envelope. Depois, caminhei até aos correios com o dedo indicador da mão direita bastante dorido. Enviei-a, não à destinatária Paulina, mas a uma mulher de nome Cristina Joanaz (que nome, amigas), residente em Lisboa, que depois a terá colocado nas mãos da minha amiga que para um se chama princesa. A amiga-princesa terá então servido de pomba correio.

Se de início me inteirei, não sem prazer, das condições labirínticas da futura chegada da carta, desde a paragem primeira em casa de Joanaz, e passado pela mala da amiga princesa-pomba, não podia prever as condições da chegada da carta (que de inocente tem pouco, não levasse ela lá dentro um pedido e um convite). A esta hora, a dita cuja já deve ter chegado ao destino Laurentino, nas periferias do qual gente se encontra a lutar e a morrer há três dias por causa do aumento dos preços do pão, electricidade e gasolina.

Imagino Marianas por nomear. Escrevem bilhetes para casa contando as mortes. Tudo o que posso fazer é ir almoçar.

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